quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mané e o Sonho, por Carlos Drummond de Andrade





"A necessidade brasileira de esquecer os problemas agudos do país, difíceis de encarrar, ou pelo menos de suavizá-los com uma cota de despreocupação e alegria, fez com que o futebol se tornasse a felicidade do povo. Pobres e ricos param de pensar para se encantar com ele. E os grandes jogadores convertem-se numa espécie de irmãos da gente, que detestamos ou amamos na medida em que nos frustram ou nos proporcionam um prazer de um espetáculo de 90 minutos, prolongado indefinidamente nas conversas e mesmo na solidão da lembrança.
Mané Garrincha foi um desses ídolos providenciais com que o acaso veio ao encontro das massas populares e até dos figurões responsáveis periódicos pela sorte do Brasil, ofertando-lhes o jogador que contrariava todos os princípios sacramentais do jogo, e que no entando alcançava os mais deliciosos resultados. Não seria mesmo uma indicação de que o país, desesperado para o destino glorioso que ambicionamos, também conseguia vencer suas limitações e deficiências e chegar ao ponto de grandeza que nos daria individualmente o maior orgulho, pela extinção de antigos complexos nacionais? Interrogação que certamente não aflorava ao nível da consciência, mas que podia muito bem instalar-se no subterrâneo do espírito de cada patrício inquieto e insatisfeito consigo mesmo, e mais ainda com o geral da vida.
Garrincha, em sua irresponsabilidade amável, poderia, quem sabe?, fornecer-nos a chave de um segredo de que era possuidor e que ele mesmo não decifrava, inocente que era da origem do poder mágico de seus músculos e pés. Divertido, espontâneo, inconsequente, com uma inocência que não excluía espertezas institivas de Macunaíma - nenhum modelo seria mais adequado do que esse, para seduzir o povo que, olhando em redor, não encontrava os sérios heróis, os santos miraculosos de que necessita no dia-a-dia. A identificação da sociedade com ele fazia-se naturalmente. Garrincha não pedia nada a seus admiradores; não lhes exigia sacrifícios ou esforços mentais para admirá-lo e segui-lo, pois de resto não queria que ninguém o seguisse. Carregava nas costas um peso alegre, dispensando-nos de fazer o mesmo. Sua ambição ou projeto de vida ( se é que, em matéria de Garrincha, se pode falar em projeto ) consistia no papo de botiquim, nos prazeres da cama, de que resultasse o prezer de novos filhos, no descompromisso, afinal, com os valores burgueses da vida.
Não sou dos que acusam os dirigentes do esporte, clubes, autoridades civis e torcedores em geral da ingratidão para com Garrincha. Na própria essência do futebol profissional se instalam a ingratidão e a injustiça. O jogador só vale enquanto joga, e se jogar fino. Não lhe perdoam a hora sem inspiração, a traiçoeira indecisão de um segundo, a influência de problemas pessoais sobre o comportamento na partida. É pago para deslumbrar a arquibancada e a cadeira importante, para nos desanuviar a alma, para nos consolar dos nossos malogros, para encobrir as amarguras da Nação. Ele julga que entrou em campo a fim de defender o seu sustento, mas seu negócio principal será defender milhões de angustiados presentes e ausentes contra seus fantasmas particulares ou coletivos. Garrincha foi um entre muitos desses infelizes, dos quais só se salva um ou outro predestinado, com uma estrela na testa, como Pelé.
A simpatia nacional envolveu Mané em todos os lances de sua vida, por mais desajustaada que fosse, e isso já é alguma coisa que nos livra de ter remorso pelo seu final triste. A criança grande que ele não deixou de ser foi vitimada pelo germe da autodestruição que trazia consigo: faltavam-lhe defesas psicológicas que acudissem ao apelo de amigos e fãs. Garrincha, o encantador, era folha ao vento. Resta a maravilhosa lembrança de suas incríveis habilidades, que farão sempre sorrir quem as recordar. Basta ver um filme dos jogos que ele disputou: sente-se logo como o corpo humano pode ser instrumento das mais graciosas criações no espaço, rápidas como o relâmpago e duradouras na memória. Quem viu Garrincha atuar não pode levar a sério teorias científicas que revêem a parábola inevitável de uma bola e asseguram a vitória - que não acontece.
Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho."

_______________________________________________

Publicado no Jornal do Brasil, em 22 de janeiro de 1983, dois dias após a morte do craque.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Traduzir-se Ferreira Gullar

Parafraseando a aula de OPT, Ferreira Gullar:



TRADUZIR-SE




Uma parte de mim

é todo mundo:

outra parte é ninguém:

fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

domingo, 24 de outubro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

II Simpósio de Crítica de Poesia Contemporânea


Evento acontece na UnB nos dias 8, 9 e 10 de novembro
Neste ano, na semana de extensão da nossa Universidade de Brasília , dias 8, 9 e 10 de novembro, teremos um Simpósio de Crítica de Poesia Contemporânea. A inscrição para o evento poderá ser realizada pelo site da semana de extensão, http://semana2010.unb.br , e as pré-inscrições, pelo e-mailsimposiodepoesia@gmail.com.

Não haverá qualquer tipo de pagamento de inscrição em dinheiro. No dia 8/11 você poderá ajudar, doando um livro de poesia em bom estado para efetivar a inscrição.

Além do evento em na universidade, teremos uma abertura solene, no auditório do museu da República, dia 8 de novembro, às 19h, com um espetáculo do grupo de poesia Vivoverso, em homenagem aos 50 anos da capital federal e ao compositor e cantor Oswaldo Montenegro, que já confirmou presença!

Divulgue nosso evento, chame os amigos, é aberto ao público!

Você poderá encontrar mais informações em nosso perfil no Twitter, @poesiaunb , ou acessando ao blog do Vivoverso http://vivoverso.blogspot.com/ !

Serviço:

II Simpósio de Crítica de Poesia Contemporânea: Olhares e lugares
Para mais informações:
Twitter: @poesiaunb
Blog: http://vivoverso.blogspot.com/
Telefone: 9247-7627 (Daniela, monitora-chefe)


[Fonte: Mais Brasília]

Bolinha de Papel - João Gilberto

Homenagem ao dia NACIONAL da Bolinha de papel - Graças ao candidato José Serra! (risos)

Ao som da música "Bolinha de Papel" de João Gilberto:





[Ideia tirada do Blog: Luis Nassif]

O perigo da BOLINHA DE PAPEL: O sensacionalismo BARATO!

SBT mostra que Serra foi atingido por bolinha de papel

http://www.youtube.com/watch?v=IZEaxdlxpVU&feature=player_embedded [Matéria do SBT]

21/10/2010 12:34, Por Redação, com Carta Maior - do Rio de Janeiro

O telejornal matinal da rede de TV SBT, nesta quinta-feira, exibe toda a sequência dos fatos ocorridos em Campo Grande, na tarde passada, e mostra que Serra foi atingido, na realidade, por uma bolinha de papel e só foi colocar as mãos à cabeça 20 minutos depois, após conversar com alguém pelo telefone. A reportagem deixa no ar se Serra teria simulado um ferimento para explorar o caso eleitoralmente.

As imagens exibidas pela SBT e a entrevista do médico oncologista Jacob Kligerman, na qual afirma não ter havido nenhuma espécie de ferimento, colocam em xeque a necessidade da suposta tomografia que o candidato tucano teria realizado.

O baixo nível da campanha presidencial, antes restrito aos boatos e mentiras divulgados pela internet, às pregações de certas igrejas e ao noticiário de parte da grande mídia – além dos programas eleitorais, é claro – chegou finalmente às ruas. Consequência inevitável. O tumulto no bairro de Campo Grande, entre simpatizantes das candidaturas de Serra e Dilma, tem que ser condenado e preocupar as coordenações das duas campanhas, pois pode se repetir e causar maiores danos para ambos. E para o país.

Entretanto, é preciso relatar os fatos como eles aconteceram, e entre os telejornais exibidos na noite desta quarta-feira 20, parece que apenas o SBT Brasil conseguiu mostrar toda sequência dos acontecimentos. Na matéria fica claro que o objeto que atingiu a cabeça do candidato foi uma simples bolinha de papel. Não foi uma pedra, nem um rolo de papel, nem um rolo de adesivos – versão final comprada pelos jornais do dia – como publicaram os principais portais de notícias, na véspera.

Segundo a matéria exibida pelo SBT, Serra percebeu que recebera o golpe do objeto e olhou para o chão para identificá-lo. Depois, prosseguiu a atividade em meio ao tumulto sem nenhum dano físico aparentar, com interrupções para entradas e saídas de uma loja e do veículo que o havia conduzido ao local. Passados 20 minutos, segundo o SBT, ele recebeu um telefonema – veja na tela – e imediatamente pôs as mãos à cabeça. Só então decidiu interromper a caminhada.

Em seguida, contou o telejornal, Serra foi levado a um hospital e submetido a uma tomografia. Na tevê, surge o médico que o atendeu, a dizer que não houve ferimento, mas que havia recomendado ao candidato repouso por 24 horas. Ato contínuo, Serra suspendeu o restante da sua agenda do dia.

[Fonte: Correio Do Brasil]


Repercussão no twitter mostra como ficamos preocupados, afinal, milhares de crianças/adolescentes se "acidentam" com bolinhas de papel!

"Pra quem diz que foi professor deveria estar acostumado a levar bolinha de papel na cabeça."

"O exame de “bolística” determinou que o projétil saiu de um chumaço de Maxprint, calibre A4."

"Quando a criançada da 5ª série descobrir que tomar bolinha de papel garante 24h de repouso vai ser uma festa"

"EU NÃO RESISTO: PT pretende ataques surpresa tipo cavalo de tróia com origami, e aéreo com aviõezinhos"

"Tão ou+ grave q a bolinha d adesivo foi o assassinato do eleitor petitsta no AC por 1 adesivo!+disso ngm fala!http://goo.gl/Cukm"



Entre tantos outros: Tags #SerraRojas #boladepapelFACT

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

C-a-o-s

Cabeça,
mente,
corpo.

Sentimentos!

Fusões...

Achar,
Concordar,
Ter certeza.

NÃO!
Nunca foi... e se fosse?

É O CAOS!

UnB: Terças Feministas, Hierarquia dos sexos

"Quinzenalmente, na UnB, acontece o Terças feministas, onde, professoras especialistas na área de estudos feministas dão palestras. O objetivo é estimular o debate em torno da construção hierárquica que a sociedade faz entre os dois sexos. O Terças Feministas é organizado pelas seguintes professoras: Tânia Navarro Swain, do Departamento de História (HIS/UnB); Tânia Montoro, da Faculdade de Comunicação (FAC/UnB) e Liliane Machado, da Faculdade de Comunicação da Universidade Católica de Brasília. A participação é gratuita, mas exige inscrições prévias. O próximo encontro será em 19 de outubro. O local e horário só serão divulgados aos inscritos.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Universidade de Brasília"